O Rio: poesia para Rosa
Nunca paro para descansar.
Nunca paro para descansar.
De meio a meio, me infinito os dias.
Em meu seio sertãneiam vidas, milhas.
De meu colo dependem croas e ilhas.
Sigo o meu rumo sem arrumo, solto-solitariamente, percorrendo oportunas vias.
Sigo o meu rumo sem arrumo, solto-solitariamente, percorrendo oportunas vias.
Centrado, largo, estreito.
Redemunho, esquerdo, direito.
Sou de lua, de momento.
Sou de lua, de momento.
Sou de barro, de Janeiro.
Minhas águas, que não param, de março!
Minhas águas, que não param, de março!
Ao céu, me divido, inundo, encharco, encho, tateio,
acerto, acho.
Perco, érro, derramo, escôrro, transbordo.
Gotêjo, pingo, enuveio, evaporo.
Deserto, mínguo, séco.
No ao-longe, viro lama.
No ao-longe, viro lama.
Mangue, alagadiço, pântano, breu: viro bréjo.
- Deus esteja!
Mesmo assim, questiono em fluir, caudaloso e
sereno, insistindo por abrir caminhos sempre libertos:
- ora pro raso, ora profundos.
Às vezes bóio, inspiro, flutuo, nado.
Noutras péso, afundo, submêrjo, naufrago.
Mato minha sede com lágrimas.
Mato minha sede com lágrimas.
Afogo saudades no esconço de meu leito.
Pedras brotam em meu caminho, e apesar de tanto bater, não consigo furá-las, em cheio, no peito.
Pedras brotam em meu caminho, e apesar de tanto bater, não consigo furá-las, em cheio, no peito.
De espanto, de esbarro, ando à procura de minha terceira
margem, por entre clareiras, enquanto paus de árvore enormes insistem por encalhar
às beiras.
Precipito, agito, côrro, socôrro, corredeiras.
Rio abaixo, Rio acima, grutas, cascatas, nascentes, foz, cachoeiras.
Rio abaixo, Rio acima, grutas, cascatas, nascentes, foz, cachoeiras.
Rodamoinhos enormes, tororõmas, fervimentos, marés,
nós, correntes, correntezas, turbilhões.
Trombas d’água, cheias, aguaceiros, enxurradas,
tempestades, torós, enchimentos, ondulações.
Demasia das enchentes, tombos, tormentas,
torrentes, subimentos, arrastões.
Lendas, sereias, mantimentos, tesouros, ventos, raios, relâmpagos e trovões.
Lendas, sereias, mantimentos, tesouros, ventos, raios, relâmpagos e trovões.
Num fluxo indissolúvel:
- quero, logo, desaguar no mar!
- quero, logo, desaguar no mar!
5 comentários:
"O Rio" � de um envolvimento de vertente que n�o seca! Minhas �guas de mar�o s� todos os meses de anos! Mato minha sede com lagrimas transborda!� de uma poesia �mparnum fluxo indissol�vel que so pode desaguar no mar. PARAB�NSSSSSSSSSSSSSS
Aguá... Um elemento que vive a transformar... vidas, estradas... gosto da tua poesia, oh menino, quero ver-te brilhar!!
Patrão...assim você vai longe mesmo... PQP...Puta linda a imagem e filmagem...e pintura... Linda vontade ...lindo Eu de Rio Seu!!!
Fonte de versos diversos
Desaguaram em mim
Ser rio, deixar-se ir..
Indo, permanecer!
Parabéns pelo blog!
Doces saudades..
Cláudia Paula
ps:(Ouro Preto, carnaval 2008)
.
Oi,Renato
Não te falei ?
Apareci....
Um encanto o teu espaço.....
Abraços,Mimirabolantes
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